segunda-feira, 13 de março de 2017

A Pequena Juju


Toca o sinal, as crianças saem correndo ao encontro de seus pais, e Juju, com lágrimas nos olhos, cabeça baixa e sentindo-se triste, caminhava a passos curtos até o portão da escola.
A menina, ao ver a mãe, corre em sua direção e a abraça. Era um abraço forte e a pequena não escondia a tristeza que sentia. Ao chegar em casa, a garotinha foi questionada pela mãe sobre a tristeza aparente e respondeu:
- Não aconteceu nada, mamãe! Só estou com a cabeça dolorida!
A menina almoçou e foi direto para o seu quarto. Deitou-se para descansar, mas as frases ditas por Lipe, seu colega, não saiam da sua cabecinha.Fazia dias que Lipe a tratava diferente por ela ser a única negra da turma, e hoje ele disse coisas que abalou Juju.

●Que nariz estranho!
●Seu cabelo é tão feio!
●Por que você é tão preta, Juju?
● Você é estranha!

A pequena Juju tem apenas sete aninhos e não sabe lidar com o preconceito. Afinal, uma boa parcela das crianças que sofrem com o racismo não conseguem se defender, porque diante das palavras doídas, a tristeza é mais visível.
Lipe é uma criança mimada. Adora apelidar os colegas, a mãe sempre o defende de seus erros e ele não foi ensinado a respeitar as diferenças. O menino ridiculariza os colegas que apresentam dificuldades na aprendizagem e mesmo que a professora lhe chame a atenção, ele e a mãe atropelam as regras e agem como se tudo fosse normal.
A mãe da garota é dona de um ateliê.Suzanita tem um estilo hippie e o cabelo volumoso é a sua marca registrada. Uma mãe presente e amorosa, que ao ver a tristeza da menina sabia que o problema era maior do que uma mera dor de cabeça.
Suzanita resolveu ir ao quarto da pequena, abriu a porta e viu Juju com seus pequenos olhos vermelhos, devido ao choro. A mãe pegou a filha e a colocou em seu colo, fez um cafuné e novamente quis saber o que houve. A menina resolveu desabafar e contou o que Lipe havia lhe dito.
Suzanita começou a tocar no cabelo de Juju, brincava com aqueles cachinhos e dizia que o cabelo da filha era lindo. Tocava no nariz e afirmava que existia um monte de narizes diferentes. Assim como o tamanho das pessoas não são iguais; nariz, orelha, boca, olhos também são diferentes.
- Nossa cor é linda, filha! Afirmava a mãe.
- Lipe não é igual a você, porque todos tem características peculiares, meu amor! Seu coleguinha não é superior a ninguém.
Juju dizia que não queria voltar à escola, e Suzanita disse que ela voltaria e não aceitaria mais as ofensas do colega.
- Juju, o racismo é uma forma estúpida de inferiorizar alguém. Mas devemos lutar contra essas atitudes. Você é pequena e mesmo assim terá que enfrentar as maldades de algumas pessoas.
- Venha cá! Olhe-se nesse espelho e veja a criatura linda que você é. Sim, somos diferentes em tamanho, sentimentos e beleza. O mundo é habitado por criaturas diferenciadas, minha pequena! Prometa para a mamãe que toda vez que seu colega lhe perturbar você dirá a ele que és única e que todos somos diferentes. Dirá também que tens orgulho da sua cor e desse cabelo lindo.
A menina jurou para a mãe que faria o que ela pediu, e quando Lipe tentou agredi-la com palavras preconceituosas, ela lembrava da conversa que teve com a mãe e repetia para o colega as frases que havia escutado. Ele começou a olhar em volta e percebeu que Juju estava certa. Parou de ofendê-la e a partir desse dia tornaram-se grandes amigos.

Suerlange Ferraz

Um comentário:

  1. Parabéns pela matéria sobre Poções, comemorando a data do seu aniversário ocorrido em 26 de junho. Tenho o privilégio de ser poçoense e gostei muito do comentário e do seu estilo. Peço-lhe licença para republicá-lo em nosso blog. Sou autor do Hino a Poções, cuja letra é de Carlos Napoli e minha, uma vez que somos parceiros. A música é de minha autoria e está no Youtube à disposição.
    Qualquer contato, faça-o pelo e-mail mrbenedictis@yahoo.com.br
    Parabéns e sucesso!

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