sexta-feira, 7 de julho de 2017

Os dias frios de julho




 Daqui do meu quarto ouço o barulho do vento e o latido de alguns cachorros. É mais uma madrugada fria e a baixa temperatura obrigou-me a levantar, ir até o guarda-roupa e procurar um cobertor. Estava embrulhada por duas cobertas, e ainda sentia frio. 
 Não gosto dos dias frios, prefiro o calorzão, o colorido da primavera, as roupas leves e tudo de bom que o calor pode oferecer. Mas, como não existe apenas uma estação, o jeito é aprender a sobreviver às baixas temperaturas.
 Li uma matéria que dizia que durante os dias frios, as pessoas tendem a ficarem deprimidas. Eu concordo porque experimento isso. É uma indisposição, falta ânimo e até a preguiça fica mais acentuada. É um período em que o sono é mais intenso e eu me transformo em um bicho preguiça. 
 O inverno é muito doloroso  para os moradores de rua ou os menos favorecidos. Eu que sinto frio, mesmo estando super agasalhada, fico imaginando as pessoas que tem poucas ou talvez nenhuma roupa adequada para o inverno. As baixas temperaturas são cruéis para quem não tem boas condições financeiras. 
Sinto muito pelas inúmeros momentos que entro em uma sala de aula, usando tênis, cachecol, super protegida e vejo que uma boa parte dos alunos estão usando chinelos, que por muitas vezes, é maior ou menor do que seus pés, ou vestimentas com furos. 
Para quem não tem dinheiro, o inverno é uma estação cruel porque as "roupas de frio" não são baratas. É um período em que as pessoas adoecem com frequência. É tempo em que a asma, bronquite, as ites ( rinite e sinusite) chegam super empoderadas e haja medicamento para controlar essas doenças. Mas, nem sempre os pobres detêm poder aquisitivo para comprar seus medicamentos e os estes costumam faltar em postos de saúde. 
Creio que campanhas para arrecadar alimentos ou roupas devem durar o ano todo. É necessário voltar nossos olhos para quem não tem voz ativa e vive a precariedade dos silenciados numa sociedade egoísta. E quando se fala em campanha social, sempre surge alguém para proclamar " Eu não tenho obrigação de ajudar porque a pobreza é problema do Estado", "não trabalha porque não quer" ou "Eu não mando arrumar esse tanto de filho para receber programa social. O problema não é meu", quem fala esse tipo de coisa, acredita que a pessoa vive miserável porque é acomodado, mas, eu penso que não é bem por aí. 
Em minha última viagem, participei de um almoço e um dos assuntos era sobre o ter coisas desnecessárias na vida. São sentimentos que sobram e faz um mal danado, e aquelas roupinhas que não se usa e estão superlotando o guarda-roupa, centenas de brinquedos que são esquecidos pelos cantos da sala, e tantas outras coisas  inúteis que ocupam espaços desnecessários no viver de alguém. 
 Então, queridos, faça uma reflexão e veja o que não te serve mais e faça um gesto nobre, ajude alguém a suportar os dias frios ou calorentos. Olhe nas suas gavetas, deve ter algo que não serve mais em ti, mas será muito útil a alguém. Separe um alimento, uma fruta e um pãozinho e doe, mas sem estardalhaço porque a rede social não precisa ficar sabendo de sua solidariedade.
 O  frio que me castiga é o mesmo que adoece àquele que não tem cobertores quentinhos ou um bom colchão. Não seja mesquinho, aqueça alguém.

Suerlange Ferraz