domingo, 3 de maio de 2015

Maio





Os primeiros sinais que maio está chegando é o vento que circunda a madrugada, as nuvens cinzentas que escondem o brilho das estrelas.
Maio chegou! Para muitos, um mês como outro qualquer, mas para quem mora ou é filho de Poções, o mês é repleto de emoção, simbolismo e, sobretudo, muito fé.
É mês dos Devotos do Divino. É o mês de a emoção percorrer a cidade, da memória ser revivida. É época de agradecer por tudo que temos e somos. É recordar-se dos devotos que foram habitar o plano celestial e que, de lá, devem estar louvando e em comunhão conosco.
A cidade ganha uma nova rotina. Uma festa tão esperada que finda tão rapidamente. Momentos que ficam eternizados na memória de quem com emoção repete a cada ano que “ Os Devotos do Divino vão abrir sua morada [...] que o perdão seja sagrado e que a fé seja infinita [...] que a justiça sobreviva [...] a bandeira segue em frente atrás de melhores dias”. Que a justiça sempre sobreviva, talvez essa parte tenha se tornado um refrão na vida de muitos. Muitos que vivem a vagar pelas noites frias, outros tantos que lutam bravamente por uma sociedade mais igual e mais humanitária. Que os representantes do povo nunca esqueçam que a justiça deve sobreviver sempre.
Que a fé seja sempre infinita. Fé em si mesmo, fé na vida, fé em tudo que fores fazer. Que assim como os devotos, nossa fé seja renovada constantemente.
Flores e lágrimas, fé e emoção, diversão e música, frio e devoção: é a festa do Divino ou Festa de Pentecostes dando seus primeiros sinais. Quantos aguardam ansiosamente o estourar dos fogos anunciando que a Festa começou? O barulho dos cavalos no decorrer da chegada das Bandeiras já pode ser sentido na memória. De quem ficou, emoção; de quem se foi, saudade doída.
É festa do Divino! É época de aconchegar-se em meio à multidão na festa de largo. Época de divertir-se no meio do encanto dos parques. Dar um pulo na Mostra Cultural e desfrutar de uma boa música. Tempo propício aos bons encontros, tempo propício para recordar de tantos cidadãos que foram responsáveis por transformar a festa em um evento que ultrapassa as barreiras.
Cresci ouvindo e vendo a magia da festa. Cresci ouvindo os “causos” contados por meu pai (Gil) e minha avó (Dona Filinha) sobre como eram confeccionadas as inúmeras bandeiras que eram costuradas na casa de vovó. Lembro-me do meu pai contar como era realizada a alvorada. Tornei-me uma adulta que sempre leva na memória os tantos significados que essa festa tem em minha vida.
Tantos devotos espalhados pela dimensão terrestre, mas que se juntam espiritualmente para saudar o Divino.
As flores nas janelas já foram postas. Venha Divino, venha. Abençoa-nos! Depois que a bandeira passa, a vida é mais alegre e a fé é renovada.
Bem vindo, Maio!
Que o fogo abrasador reacenda a chama que havia apagado no coração de quem anda descrente.
Fé, justiça e emoção. É a Festa do Divino!


Suerlange Ferraz