domingo, 6 de março de 2016

Por onde andei


Planejar uma viagem, passar dias imaginando como serão os lugares e as pessoas que esbarraremos pelos caminhos percorridos, arrumar as malas e partir rumo ao desconhecido. Creio que podemos ir inúmeras vezes ao mesmo lugar, mas sempre descobriremos alguma novidade. Arrumei minhas malas e coloquei os pés na estrada. Na mente, um monte de imaginação; no coração, a busca por bons sentimentos e alegres encontros. Fui desafiada a vencer os medos que me assombravam e faziam com que eu me sentisse tão pequenina diante de um bocado de situações. Na mala, além das roupas, foram sonhos, meia dúzia de palavras bonitas para serem espalhadas pelo ar, alegria, curiosidade e desejo de que coisas simples me encantasse. Destino, a famosa Cidade Maravilhosa, lugar de tantos encantos, de sorrisos em cada esquina, de uma alegria tão necessária para a alma e de uma porção de gentileza. Ao chegar ao meu lar temporário, fui recepcionada por energia positiva, aconchego e sorrisos, melhor recepção não poderia existir. Dias de temperaturas escaldantes, o céu habitado por estrelas que abrilhantavam os dias de folia. Aprendi que a melhor roupa é feita de simplicidade, a melhor maquiagem, a felicidades; as melhores companhias, pessoas dispostas a deixar qualquer ambiente mais harmônico.
Corre! Corre! Que o metrô chegou! Ao adentrar, em algum cantinho, música, gritos ou um silêncio se fazia presente. Da janela, era possível notar as diferenças sociais, as cores das casas, vegetações e imaginar como seria o dia a dia de quem por ali passava. Andar pelas ruas coloridos por pessoas fantasiadas, ouvir um batuque e deixar o corpo ser levado por uma dança, ser criança que fica feliz com pouca coisa, desfilar animação quando as pernas pediam descanso , admirar os devaneios noturnos, rir do que para muitos é bobagem.
Cada ponto turístico, uma história para contar. Da emoção de encontrar com o Cristo a tristeza de ter a sacolinha com fantasias sumirem em questão de minutos. Pensei em inventar desculpas para não ir ao Pão de Açúcar por temer a altura, um medo que dói, mas o desejo de ser mais forte do que o medo impulsionou-me a fechar os olhos, sentir o vento e repetir em silêncio que tudo daria certo e deu. Cada obstáculo vencido é festa dentro de mim. A tristeza causada por medos ou pânico não poderá ser maior do que o desejo de buscar a felicidade dentro de si e nos lugares por onde eu andar. Todo dia era dia de bloco, encontro de fantasias, harmonia e muita festa. Sou do tipo de pessoa que se encanta com coisas simples, com gente que sabe encantar e dos abraços que acolhem, amo conversar e meu amor fica mais intenso quando esbarro com gente que tem conversa agradável e sorriso fácil. Tive as melhores companhias para compartilhar algumas das maravilhas do Rio de Janeiro. Sentar diante das águas agitadas da praia, perceber que a vida pode ser daquele jeito, com dias que a agitação rouba a tranqüilidade. último dia, momento de realizar um sonho de infância, assistir ao desfile das escolas de samba. O som da bateria fazia meu coração pulsar em um ritmo acelerado, cada fantasia, emoção e maestria. O cansaço desapareceu por algumas horas e uma gratidão enorme por estar ali. Saudade de cada passo dado, da alegria dos que eu conheci, da felicidade que eu encontrei, de poesia nas noites, da boemia ... e de tudo que eu vivi.
Viajar é preciso! É ter a oportunidade de aliviar a alma de energias negativas e do cansaço, de conhecer pessoas que te farão feliz nem que seja por segundos, momento de vencer os medos, de incorporar uma criança que desteme barreiras. O carnaval passou, mas a felicidade ficou para fazer morada.
O Rio de Janeiro é lindo, encantador e deixou uma vontade enorme passear por avenidas e pracinhas, cruzar o mesmo caminho de pessoas alegres e bailar ao som de uma marchinha.

Su Ferraz

Cabelo RUIM? Não! Ruim é o preconceito


Avanço tecnológico, inclusão, cotas, o homem foi a Lua, descobriram que o planeta é azul, se passaram duas guerras mundiais, revoluções.... mas o preconceito racial continua. No decorrer desta semana, fui verificar um vídeo que uma jovem sem sensibilidade e de forma estúpida, ridicularizando o cabelo afro. Foi um dos vídeos que mais me entristeceu, porque eu sei e já senti na pele comentários maldosos sobre o meu tipo de cabelo.

Primeiro, não existe cabelo bom ou ruim. Existe diversidade de cabelos e, ter um cabelo crespo não me diferencia de ninguém. Tadinho do meu cabelo! Não prejudica ninguém e ainda leva fama de ruim.

Fico impressionada com as pessoas que perdem tempo falando do cabelo de alguém. Pessoas, o Brasil passa por uma crise, procurem ajudar alguém necessitado, não pratique "pequenos" atos de corrupção, indigne-se com perseguição política, ame e ame-se mais, seja do bem, evolua e espalhe ternura pelo caminho em que andares.

Não me importo com quem não acha meu cabelo bonito, não assumi meus cachos para agradar ninguém. Assumi porque era o que eu desejava há muito tempo. Os cachos me dão leveza e alegria, mas ele nunca foi ruim, ou contrário, ele é bonzinho, fofinho e adora uma revolução.

Preconceito não é mimimi ou coisa da cabeça do negro que quer ser uma eterna vítima do sistema capitalista. Racismo existe e está em todos os cantos do mundo. Ele causa sofrimento e muitos dos que sofrem com este mal, optam por não denunciar este crime. Quem sofre com qualquer forma de preconceito, precisa denunciar, mostrando que o negro não está neste mundo para ser vítima, somos agentes construtores desta sociedade, exigimos respeito.

Pais, ensinem aos seus filho que o mundo é composto por diferentes tipos de pessoas, sendo necessário respeitar o próximo. E se seu filho ou filha for negro, ensine-o amar sua cor e seu cabelo. Ensinem que é horrível rir ou menosprezar aqueles que achamos diferentes. Ensinem bons sentimentos. Professores, não permitam que uma criança sofra discriminação ou qualquer outra forma de preconceito dentro de uma sala de aula.

Não podemos ser solidários somente quando algum ator ou músico sofre preconceito. Marias, Julias, Lus, Anas ... Também sofrem algum tipo de preconceito e ninguém clama ou lança alguma modinha para defendê -las.

Os seres humanos necessitam com muita urgência adquirir mais sensibilidade e respeitar o próximo.

Indigne-se! Revolucione-se! Ame! Respeite! Denúncie!

Su Ferraz

Organizando


Mudam-se as estações, a paisagem, os sentimentos, os valores que atribuímos às pessoas e objetos. Os móveis já não estão mais nos mesmos lugares. A saudade é latente e as lembranças chegam com a brisa leve da madrugada.

Abro minha caixinha de recordações, releio cartas cujas folhas ficaram amareladas com o passar do tempo, das palavras escritas, muito afeto e saudades. Dos cartões de aniversário, a doçura de saber que alguém dispôs de um tempinho para transcrever sentimentos a mim. Vivo das palavras! E, as palavras detém um poder sobre mim. Ler e sentir o amor é transformar lágrimas em ternura.

Aproveito para organizar a minha caixinha interior, onde estão armazenados os sentimentos. No momento de organização, sempre surge perguntas tão clichês, mas que não deixam de ser necessárias como: Quem eu sou verdadeiramente? Sirvo como instrumento benéfico na vida de alguém? Tenho sido uma boa pessoa? Espalho o bem? São tantas perguntas que surgem e nem sempre a resposta é imediata.

Neste mundo, que por muitas vezes é tão desumano, passamos despercebidos pela dor de alguém que cruza nosso caminho. Esquecemos de ofertar um sorriso, um cumprimento ou um simples oi. Pequenos gestos fazem a diferença na vida de quem necessita de afeto.

Somos tão passageiros neste plano terrestre, vivemos competindo para sermos melhores em tudo, queremos reconhecimento por coisas tão banais, achamos que o que é melhor custa caro e que devemos mudar para agradar o mundo, exceto quem fez a escolha ou foi obrigada a mudar.

Pequenos e nobres sentimentos, a beleza de uma flor, uma gargalhada que encanta, um abraço que conforta, o lar que traz aconchego; amigos que sabem quem verdadeiramente é você e mesmo assim continuam amando; emociona-se ao ouvir uma música, doar um pouco do que temos aos menos favorecidos, divulgar o bem, ter fé, ter uma postura ideológica, exalar amor ... uma infinitude de coisas que fazem bem e não custam fortunas.

É necessário retirar sentimentos amargos que ainda se encontram no interior de cada um de nós. Faxinar a alma é necessário, da mesma forma que a retirada de entulhos da nossa vida é urgente. Ser feliz diariamente exige que encaremos o mundo com mais suavidade. Viver é um desafio.

Organizando a vida, pude perceber o quanto somos exigidos. Percebo que viver é um desafio e que dependendo de quem escolhermos para andar ao nosso lado, poderemos ser felizes ou tristes.

As palavras podem possuir tantos sentidos, tudo é questão de interpretação.

Devemos mudar em prol de alguém, mas é necessário analisar se a mudança nos fará bem. Tem gente que exige a mudança dos outros, mas esquece de mudar a si mesmo. Este mundo é verdadeiramente um moinho, turbulento, repleto de desafios, medos, mas a cada dia descobrimos o quão bom é viver. Apesar de tudo é bom acordar e sentir os raios solares invadirem meu quarto ou antes de dormir ficar emocionada com o céu estrelado, e como criança sonhadora, imaginar que cada estrelinha é alguém que partiu para o plano celestial.

Organizando a vida, aprendo que o coração poderá estar em minúsculos pedacinhos e que poucas pessoas ou talvez nenhuma se importará com sua dor. Mesmo dolorido, devemos reerguer, juntar os pedacinhos, deixar a cicatriz fechar, trilhar novos caminhos e aprender a florescer.

Anseio por mudanças, continuo sonhadora e mesmo que às vezes a minha verdade seja distorcida, continuarei acreditando no poder dela. Continuarei acreditando que vale a pena ligar para alguém, emitir gratidão, ser solitário, abominando quem distorce os sentimentos de alguém para conquistar algo, gosto de visitas, de abraços... Amo e necessito sentir o vento em meu rosto, continuarei acreditando no amor e em Deus.

Organização nunca foi o meu forte, mas hoje tornou-se necessário. Retirar o que não serve mais em uma vida, afastar-se de gente que só vive para diminuir o outro, doar-se na medida certa, ser um solidário em silêncio, perdoar e perdoar-se, não permitir que qualquer pessoa adentre sua vida, buscar a felicidade em vielas, vilarejos, jardins ou qualquer lugar onde serás feliz. Ser grato por tudo que tens e és. Espalhe sementes do bem pelos caminhos que percorrerás, não espere retribuição por nada que fizeres e você será mais feliz.

Mudanças doem!

Mudanças são necessárias

Su Ferraz