quarta-feira, 7 de março de 2018

Espaço, vozes e resistência





Mais um dia internacional da Mulher! Momento que é celebrado com uma flor, mensagens e quisera um bombom. Todas as homenagens são válidas, porém, o que uma parcela considerável da sociedade finge ou esquece que todo dia é dia de luta. A cada minuto, deveríamos celebrar a conquista de uma mulher. 

Data em que é de praxe discutir a respeito do lugar em que a mulher ocupa na sociedade; ocasião propícia a cobranças de leis mais severas para os agressores; momento sublime para escancarar os índices alarmantes de feminicídio e alertar sobre as crueldades que milhares de mulheres sofrem em suas localidades.

De sexo frágil a revolucionária, é assim que a mulher vai transitando neste mundo. Ana é feirante e revoluciona o espaço em que trabalha. Mesmo com baixa escolaridade, ela incentiva suas colegas a não serem submissas em seus relacionamentos. 

Maria escutou os gritos da vizinha e foi averiguar o que estava ocorrendo. Os gemidos dolorosos eram causados porquê o marido chegou em casa embriagado, arrancou seu cinto e mais uma vez, surrou a esposa e ela clamava por socorro. Lia, como era conhecida, não hesitou em socorrê-la e ligou para a polícia. A vizinha, mesmo sem ter ouvido a palavra sororidade, sabe da importância da ajuda mútua entre as mulheres.

Independente da escolaridade e classe social, a mulher vai à procura de novos espaços. De calmaria a tempestade, de guerrilha ou da poesia, da favela aos bairros nobres, da Academia a uma escola periférica, ela vai ecoando sua voz, preenchendo espaços e exigindo respeito.

Qual é o nosso lugar na sociedade? Em qualquer lugar em que possamos ser e fazer a diferença. Nada de submissão, somos seres transformadores, lutamos por condições favoráveis para uma vida mais digna. Plantamos flores por nossos caminhos percorridos, somos margaridas que colorem uma nação. Somos a resistência diante daqueles que desejam nos calar. Somos a mistura de muitas mulheres que me ensinaram a erguer a cabeça perante aos abismos que nos desafiam
.
Ganhamos espaços nas universidades, no mercado de trabalho, na política, nos tornamos protagonistas de belíssimas histórias de luta e superação. Ainda falta muito avanço no que se refere ao respeito e valorização da mulher. Queremos mais respeito e oportunidades, desejamos que os que virão, encontrem um mundo mais digno e o gênero não seja parâmetro para distinguir salário. Queremos viver em um mundo em que as mulheres negras possam ser respeitadas ao escolher o visual que a agrada porque o cabelo negro é belo e a única coisa feia e ruim é o preconceito que continua enraizado em nossa sociedade.

          Companheiras, que a nossa força e coragem não cessem! Que nossa voz ecoe por qualquer lugar da Terra, lutemos por respeito e igualdade. Que a nossa voz represente o silêncio que foi estabelecido a tantas mulheres, que mesmo sofrendo desejam que o futuro seja florido e feliz. Não podemos comemorar apenas hoje o nosso dia, a cada amanhecer devemos recordar das nossas conquistas e de tudo aquilo que ainda podemos conseguir. 

Em uma sociedade com raízes patriarcais, a mulher independente assusta. É aquela sensação de que uma mulher nasceu para casar. Mas nem sempre o casamento trará felicidades. A mulher empoderada, feminista e convicta do que deseja é rotulada de ridícula, destruidora de lares, criaturas que abominam os homens, entre outras coisas. O problema é que quem tece tais críticas conhece superficialmente ou desdenha o movimento pelo que acha que seja.

Em briga de marido e mulher não se deve meter a colher? Errado! Se a mulher sofre violência, não devemos meter a colher na briga, mas devemos meter o faqueiro completo. Quando uma mulher é espancada, a dor é de todas. Ficamos doídas ao saber que muitas sofrem com companheiros que ameaçam, torturam e espancam. Algumas ainda não denunciam por medo, outras superaram o medo e a vergonha denunciando seus agressores; e tantas outras  não tiveram oportunidade de escancarar sua dor; sua voz foi silenciada.

           O desejo de cada amanhecer é que não nos falte coragem, argumentos, sorrisos e beleza. Por onde formos que tenhamos a sensibilidade de uma criança e a determinação de uma mulher convicta do que quer. Revolucionem suas casas, escolas, grupos, ciclos, cidades... Que nada e ninguém possa calar nossa voz.

            Para cada mulher morta, reflexão, revolta e clamores por justiça! Para cada vida ceifada, momento de a sociedade rever seus conceitos distorcidos em relação a mulher neste mundo. Mães, não ensinem suas filhas a serem princesas que fazem o impossível para agradarem alguém. Ensine a criança a ter personalidade, a expor suas angústias e não temer perante aos desafios que a cerca.

Mais sororidade, mulheres!  Milhares de vozes foram silenciadas pelos seus parceiros, pais, padrastos, assaltantes...Uma quantidade significativa de criminosos estão soltos e criaturas cruéis continuam culpando as vítimas. 
 Sociedade, pare de  nos matar!

Suerlange Ferraz