quarta-feira, 27 de julho de 2011






Nem se fosse apenas dentro de mim... Mesmo se ele não existisse em canto algum, se eu, pelo menos, pudesse construi-lo em mim, como um templo das coisas mais bonitas em que eu acredito, o mundo seria sim bonito e doce, o mundo seria cheio de amor, e eu nunca mais ficaria doente. E, nesse mundo, ninguém precisa trocar amor por coisa alguma porque ele brota sozinho entre os dedos da mão e se alimenta do respirar, do contemplar o céu, do fechar os olhos na ventania e abrir os braços antes da chuva. Nesse mundo, as pessoas nunca se abandonam. Elas nunca vão embora porque a gente não foi um bom menino. Ou porque a gente ficou com os braços tão fraquinhos que não consegue mais abraçar e estar perto. Mesmo quando o outro vai embora, a gente não vai. A gente fica e faz um jardim, qualquer coisa para ocupar o tempo, um banco de almofadas coloridas, e pede aos passarinhos não sujarem ali porque aquele é o banco do nosso amor, do nosso grande amigo. Para que ele saiba que, em qualquer tempo, em qualquer lugar, daqui a não sei quantos anos, ele pode simplesmente voltar, sem mais explicações, para olhar o céu de mãos dadas.

Rita Apoena

quinta-feira, 21 de julho de 2011

A vida num papel em branco


Nessa madrugada eu quis escrever toda minha vida e depois olhar ela no espelho, eu olhei todo o meu silencio ao redor parecia à vida que ali se findava, no radio uma canção já tão esquecida desabrochando em saudades as minhas feridas. Nessa madrugada tentei ver minha vida num papel, mas o papel em branco não tinha nada e nada ficou em mim nessa madrugada fria e de solidão.

Joabes Rodrigues

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Felicidade, onde moras?




Tantas andanças,
Tantas quedas,
Tantas sementes plantadas.
Muitos frutos colhidos,
Atravessei tempestades,
Ventanias,
Dias de calor intenso.
Atravessei pontes, oceanos
Sai de mim e doei-me o melhor do meu ser
Corri,
Gritei,
Chorei,
Implorei.
Fiz promessa, reza braba,
Sonhei, ora dormindo, ora acordada,
Tentei sair da ilusão,
E a solidão resolveu me acompanhar.
Há tanto tempo ando atrás de uma tal felicidade (sem idade para ser feliz)
Ela se esconde de mim,
Já atravessei tantos obstáculos,
Já percorri tantos quilômetros,
Já derramei um rio de lágrimas,
E ainda não achei essa mocinha tão encantadora, A Felicidade
Felicidade, onde moras?
Por favor, deixe-me te encontrar
Preciso tanto de você

Sú Ferraz

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nandinha e a lesma Wendy




No vale encantado das Borbopongas, morava a ingênua, meiga, generosa e prestativa Nandinha. Uma jovem que sempre estava a serviço de todos, não poderia ver alguém sofrendo que se dispunha a ajudar. Às vezes ela queria estar em vários locais ao mesmo tempo para ajudar alguém. Mocinha super, mega, ultra, hiper solidária.
No mesmo vale vivia a esperta, engraçada e conselheira Wendy. Era uma lesminha fofinha que vivia distribuindo seus ensinamentos às criaturas do Vale das Borbopongas. Ela era muito diferente de Nandinha, não acreditava muito na bondade dos outros, não era uma lesma efusiva e nem bobinha.
Toda vez que Wendy encontrava com Nandinha pelo bosque ela dizia:
- Querida Nandinha, seja mais esperta. Cuidado com tanta bondade porque os bonzinhos só se ferram. Ajude o próximo, mas não se doe tanto.
Nandinha só ria e toda vez que alguém fazia algo de ruim a ela, só vinha à mente o que a lesminha dizia e ela automaticamente fazia xingamentos a sua pessoa “eu sou otária mesmo, véi”.
Nandinha namorava um príncipe de outro reino, residia no Vale do Recreio, príncipe Ju. Ele também alertava a plebéia sobre sua generosidade com o próximo e sempre que alguém humilhava a sua ama ele dizia: Sua thonga, boca aberta, até quando servirá de tapete para os outros?
Nandinha era estudiosa. No cursinho em que estudava, ela vivia a emprestar seu caderno à coelhinha Jujuba. Jujuba usava e abusa da boa vontade e do caderno da moça e nem agradecia pelo empréstimo.
Wendy não compreendia o jeito daquela garotinha. Ela dizia que ficava enjoada com tamanha bondade e apelidou-a de Madre Nandinha de Calcutá, a plebéia generosa. Certo dia, a lesminha saiu a passear e deparou com uma mocinha magrela e de cabelo ruivo humilhando Nandinha. Ela ficou indignada, não com a humilhação e sim porque ela não se manifestava. Wendy ficou nervosa com o excesso de idiotice em uma repentina revolta deu uma voadora em Nandinha.
A lesminha gritava horrores e Nandinha chorava. Wendy com uma força surpreendente derrubou a moça no chão e sentou na barriga dela e falava em alta voz:
Quantas vezes eu te falei que sua bondade não iria te levar a lugar nenhum?
As pessoas te fazem de palhaça e você não tem reação. Até uma criança de 3 anos passa a rasteira em você. Até eu, um ser de 10 centímetros te derrubei... kkkkkkkkkk
Acorde para vida, sua otária, sonsa.
De repente se aproxima uma menininha loira chamada Rararara e diz:
Gente boazinha só se Fo... Nandinha
Wendy, muito cansada das bofetadas proferidas contra Nandinha, se retirou e saiu resmungando “Oh generosidade! Espero que os tabefes que eu te dei tenham servido para algo. Da próxima vez, eu e minha gangue iremos te dar uma lição, sua otária. Veja meu tamanho, Nem eu que sou uma lesma sou vítima de tantos abusos. Não me engano com as pessoas. Odeio gente dada demais. Você quem deveria ser uma lesma e não eu”

*Ninguém nasceu para ser tapete ... cada um nasce para ser estrela. Somos pedras preciosas e não devemos deixar que ninguém nos humilhe a ponto de sermos comparados a simples cascalhos (pedra sem valor)

Sú Ferraz

sábado, 2 de julho de 2011

Amor é um tóxico


Amor é um tóxico

Amores, amores e ilusões
Amar é bom?
Bom para quem?
Para mim que não foi
Maldito sentimento,
Que corroeu minha alma,
Estraçalhou meu pequenino coração,
Acabou com os estoques de lágrimas contidos em meus olhos,
E os meus sonhos?
Ah, esses não são tão dóceis como antes,
Hoje eu acordo apavorada com medo do tal de amor
Amor é uma merda, uma droga, um tóxico
Maldito sentimento, maldito dia em que eu pedi ao Dono do mundo tal sentimento
Ah, se eu soubesse que iria sofrer tanto
Jamais teria implorado o amor de alguém
Hoje eu só lamento o tempo perdido,
As noites não dormidas,
O desperdício que eu fiz da minha nobre vida a espera de um príncipe encantado
Um príncipe que virou um sapo rajado que mora em um brejo bem feio e sujo
Amor? Príncipe encantado?
Bobagens
Algo que só se encontra em conto de fadas
E nem em tais contos inúteis e fúteis eu acredito
Vou vivendo,
E estou fazendo um tratamento seriíssimo contra uma droga cujo nome é AMOR

*Baseado em conversinhas com amigas
Sú Ferraz