Quando chega maio, os poçoenses começam a recordar de
tantas festas do Divino que já vivenciaram. É como que se abrissem uma caixinha
de recordações, e as lembranças vão surgindo a cada relato.
Maio sempre vem acompanhado de um frio, da renovação da fé,
dos preparativos, dos reencontros e muita alegria. É o mês em que o Divino, tão
sagrado, recebe apelos e é agradecido pelos desejos realizados.
É tempo em que a cidade ganha uma nova roupagem. As bandeiras
ardonam a Igreja Matriz, a igrejinha aguarda um novo mastro, os devotos
se animam com a chegada das novenas e logo mais, uma porção de gente acordará
ao som dos fogos, porque é dia da alvorada, é hora de anunciar mais
uma festa.
Ainda ontem, uma vizinha recordava dos pavilhões com
músicas eletrônicas, leilões, barraquinhas e de tantas alegrias que já viveu
nas festas. Outra vizinha dizia: " lembro-me da voz do homem que narrava
minuciosamente a transformação da Monga. Dava medo, mas aguçava a imaginação".
Festa é momento de recordar.
Tempo em que os devotos abrirão moradas; dias
recheados de emoções; período de unir orações e chorar ao recordar de quem por
aqui passou e deixou uma saudade latente.
A tradição também provoca reflexões sobre o que é
vivenciado em Poções. Em muitas vielas, gente faminta e sedenta de amanheceres
esperançosos; em outros espaços, o desemprego é gritante. E, para estas pessoas
"a bandeira segue em frente atrás de melhores dias".
O vermelho intenso das maçãs do amor, o movimentar dos
parques, a praça enfeitada, cheiro de rosas e o vento da madrugada avisa que a
festa de Pentecostes chegou.
Na sexta, a bandeira passará, pedidos serão refeitos e
gratidão cobrirá o espírito de um bocado de gente. As lágrimas lavarão as
faces, e a emoção tomará conta do povo que carrega consigo a convicção de que a
fé necessita ser infinita.
Com a certeza
de que ele voltará, a vida vai seguindo seu fluxo e a esperança nos alimenta,
pois o dono da festa pede licença. Nós, os devotos, o saudamos. Bem-vindo
Divino! Se achegue, aqueça nossos corações e alimente os sonhos deste povo que
tanto clama por justiça.
Su Ferraz
Nenhum comentário:
Postar um comentário