quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Querida inspiração




Hoje eu amanheci com um desejo enorme de falar um pouco sobre a nossa relação. Já faz um ano que vivemos a dialogar. A senhorita trouxe-me um amor, e ele só soube extrair sofrimento e lágrimas da minha humilde pessoa. Desculpe-me, fui um pouco egoísta, o amor também trouxe coisas boas em minha vida. Ele espalhou palavrinhas por todo canto, deu-me novas amizades, sonhei, viajei, construir um mundo tão belo. Construir um mundo de rabiscos. Tive tantos dias harmoniosos, outros tristes.
Em alguns dias me senti uma mulher, já em outros, uma mera menina bobinha. Tive dias de patinho feio, e outros de encanto. Cair, ralei feio, machuquei tanto o meu coração, ele até sangrou, criou muitas feridinhas, hoje apareceu uma cicatriz tão feiosa, mas ela existe para lembrar-me que sempre é preciso levantar e seguir em frente.
Ah, querida inspiração. As vezes que quis matá-la (risos). Já esbravejei, xinguei, fiz birra, briguei comigo mesmo, mas não adiantou. Foram tantos dias em que eu quis fazer aparecer o sol em um céu nublado, queria ter o poder de encher a rua com flores coloridas, tentei transformar minha tristeza em algo útil. Procurei sonhar com os olhos bem abertos, tentei fazer dos vacilos um aprendizado.
Senti tantas dores, querida inspiração. Teve dias que eu tive medo de enfrentar o mundo, não tinha forças para lutar. Fiquei tão fraquinha, meus olhos até murcharam e o brilho deles sumiu por algum tempo. Foi um tempo em que roubaram a minha alegria e eu fiquei deprimida. Um tempo em que a felicidade tinha fugido de mim... Tempo em que eu achei, ou melhor, eu senti que viver doía. Nestas idas e vindas da vida, nestes erros e acerto do destino eu resolvi transformar meus sentimentos em palavras. Transformei o senhor Amor em poesia, queria ter feitos as mais belas canções por e para ele, mas não tive como me transformar em uma cantora que suspira e respira canções.
Fiz do amor versinhos, palavras, rimas soltas. Decorei um monte de palavrinhas para serem ditas ao pé do ouvido, numa noite enluarada e com o céu recheado de estrelas. Amei demais, Sonhei demais, escrevi de mais e não acordei a tempo de perceber que tudo passou de uma grande e dolorosa ilusão. Coisas da vida, tragédias do coração e um aprendizado para toda uma vida.
É dona inspiração, tenho aprendido tanto contigo. Aprendi que a vida é cheia de pegadinhas e que é também uma das mais belas artes. E o amor é coisa complicada demais. Você também trouxe diversão aos meus dias, acabo de lembrar de um certo dia, que algumas lágrimas ousaram pular dos meus olhos e eu com um sorriso acanhado dizia que o amor não era para meu bico.
Foram tantas madrugadas, tardes ensolaradas, dias frios e outros calorosos, tantas músicas, foram tantas formas de retratar um amor.
Um amor que eu tive que enterrar. Foi necessário, ninguém vive para esperar migalhas. Vivemos para saborear a felicidade, e se ela na vem até nós... Nós temos que ir até ela. A vida foi feita para aqueles que têm coragem de desbravar o desconhecido, de trilhar novos caminhos, de enterrar os medos e erros, de dar uma nova chance a vida, ao coração. A vida foi feita para aqueles que almejam mudança. Aquele amor foi enterrado em um lugar tão lindo, foi enterrado em um jardim cheio de flores coloridas e perfumadas, às vezes eu passo por lá, rego e podo os galhos ...
Outro dia eu pensei que você tinha me deixado, senti até saudade da sua companhia, mas hoje recebi noticias sua, fiquei feliz em saber do seu retorno. Já arrumei a minha casa, separei as velhas e boas músicas, vou preparar aquele bolinho que você tanto gosta, já coloquei as rosas no vaso... Aguardo o seu retorno, mas não traga o amor, quero sossego. Peço que me traga de presente mais felicidade.
Querida e amada inspiração, aguado ansiosamente seu retorno.
Não demore não, sinto tanta a sua falta que às vezes dói ta.

Da sua querida amiga,

Sú Ferraz

Nenhum comentário:

Postar um comentário