Mais
um dia internacional da Mulher! Momento que é celebrado com uma flor, mensagens
e quisera um bombom. Todas as homenagens são válidas, porém, o que uma parcela
considerável da sociedade finge ou esquece que todo dia é dia de luta. A cada
minuto, deveríamos celebrar a conquista de uma mulher.
Data
em que é de praxe discutir a respeito do lugar em que a mulher ocupa na
sociedade; ocasião propícia a cobranças de leis mais severas para os agressores;
momento sublime para escancarar os índices alarmantes de feminicídio e alertar
sobre as crueldades que milhares de mulheres sofrem em suas localidades.
De
sexo frágil a revolucionária, é assim que a mulher vai transitando neste mundo.
Ana é feirante e revoluciona o espaço em que trabalha. Mesmo com baixa
escolaridade, ela incentiva suas colegas a não serem submissas em seus
relacionamentos.
Maria
escutou os gritos da vizinha e foi averiguar o que estava ocorrendo. Os gemidos
dolorosos eram causados porquê o marido chegou em casa embriagado, arrancou seu
cinto e mais uma vez, surrou a esposa e ela clamava por socorro. Lia, como era
conhecida, não hesitou em socorrê-la e ligou para a polícia. A vizinha, mesmo
sem ter ouvido a palavra sororidade, sabe da importância da ajuda mútua entre
as mulheres.
Independente
da escolaridade e classe social, a mulher vai à procura de novos espaços. De
calmaria a tempestade, de guerrilha ou da poesia, da favela aos bairros nobres,
da Academia a uma escola periférica, ela vai ecoando sua voz, preenchendo
espaços e exigindo respeito.
Qual
é o nosso lugar na sociedade? Em qualquer lugar em que possamos ser e fazer a
diferença. Nada de submissão, somos seres transformadores, lutamos por
condições favoráveis para uma vida mais digna. Plantamos flores por nossos
caminhos percorridos, somos margaridas que colorem uma nação. Somos a
resistência diante daqueles que desejam nos calar. Somos a mistura de muitas
mulheres que me ensinaram a erguer a cabeça perante aos abismos que nos
desafiam
.
Ganhamos
espaços nas universidades, no mercado de trabalho, na política, nos tornamos
protagonistas de belíssimas histórias de luta e superação. Ainda falta muito
avanço no que se refere ao respeito e valorização da mulher. Queremos mais
respeito e oportunidades, desejamos que os que virão, encontrem um mundo mais
digno e o gênero não seja parâmetro para distinguir salário. Queremos viver em
um mundo em que as mulheres negras possam ser respeitadas ao escolher o visual
que a agrada porque o cabelo negro é belo e a única coisa feia e ruim é o
preconceito que continua enraizado em nossa sociedade.
Companheiras, que a nossa força
e coragem não cessem! Que nossa voz ecoe por qualquer lugar da Terra, lutemos
por respeito e igualdade. Que a nossa voz represente o silêncio que foi
estabelecido a tantas mulheres, que mesmo sofrendo desejam que o futuro seja
florido e feliz. Não podemos comemorar apenas hoje o nosso dia, a cada
amanhecer devemos recordar das nossas conquistas e de tudo aquilo que ainda
podemos conseguir.
Em
uma sociedade com raízes patriarcais, a mulher independente assusta. É aquela
sensação de que uma mulher nasceu para casar. Mas nem sempre o casamento trará
felicidades. A mulher empoderada, feminista e convicta do que deseja é rotulada
de ridícula, destruidora de lares, criaturas que abominam os homens, entre
outras coisas. O problema é que quem tece tais críticas conhece
superficialmente ou desdenha o movimento pelo que acha que seja.
Em
briga de marido e mulher não se deve meter a colher? Errado! Se a mulher sofre
violência, não devemos meter a colher na briga, mas devemos meter o faqueiro
completo. Quando uma mulher é espancada, a dor é de todas. Ficamos doídas ao
saber que muitas sofrem com companheiros que ameaçam, torturam e espancam.
Algumas ainda não denunciam por medo, outras superaram o medo e a vergonha
denunciando seus agressores; e tantas outras não tiveram oportunidade de escancarar sua dor;
sua voz foi silenciada.
O desejo de cada amanhecer é
que não nos falte coragem, argumentos, sorrisos e beleza. Por onde formos que
tenhamos a sensibilidade de uma criança e a determinação de uma mulher convicta
do que quer. Revolucionem suas casas, escolas, grupos, ciclos, cidades... Que
nada e ninguém possa calar nossa voz.
Para cada mulher morta,
reflexão, revolta e clamores por justiça! Para cada vida ceifada, momento de a
sociedade rever seus conceitos distorcidos em relação a mulher neste mundo.
Mães, não ensinem suas filhas a serem princesas que fazem o impossível para
agradarem alguém. Ensine a criança a ter personalidade, a expor suas angústias
e não temer perante aos desafios que a cerca.
Mais
sororidade, mulheres! Milhares de vozes foram silenciadas pelos seus
parceiros, pais, padrastos, assaltantes...Uma quantidade significativa de
criminosos estão soltos e criaturas cruéis continuam culpando as vítimas.
Sociedade, pare de nos matar!
Suerlange Ferraz